E ao 11º dia o Sr. Presidente falou ao país. Disse Jorge Sampaio explicando-se sobre a demora: «Quero lembrar que a democracia é também o regime do respeito pelas formas e do rigor no cumprimento dos processos constitucionais. Para que se possa verificar a dissolução do Parlamento, a Constituição da República estabelece uma metodologia precisa e obrigatória que só hoje se pôde concluir e cujo calendário foi definido de acordo com o que entendi ser conveniente para o País.», só é estranho que o próprio presidente se tenha esquecido de cumprir os processos constitucionais antes de anunciar por portas travessas ao país a dissolução.
Teoricamente iria explicar a decisão de dissolver o parlamento, de facto, teoricamente só, porque na prática o que o Presidente fez foi apontar momentos mais infelizes deste governo. Ora como momentos piores todos os executivos têm, não consigo entender o porquê desta dissolução. Disse o Presidente da República: «Entretanto, desde a posse do XVI Governo Constitucional, e depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o País assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o País vive.» diz mais à frente ainda que esta «...situação inviabilizou as indispensáveis garantias de recuperação da normalidade e tornou claro que a instabilidade ameaçava continuar, com sério dano para as instituições e para o País, que não pode perder mais tempo nem adiar reformas» Ora quanto às trapalhadas, seria bom lembrar que um Presidente que quer dissolver o parlamente e se esquece de o comunicar ao próprio presidente da Assembleia da República, sugere no mínimo que maior fosse a sua actividade e mais trapalhadas se seguiriam, depois não deixa de ser estranho que um Governo que parece não ter credibilidade para nada aprove um orçamento de estado, instrumento fundamental de um governo. Será que o Sr. Presidente se terá esquecido do pior Governo desde o tempo de D. Maria Pia? Do orçamento do queijo? Das demissões de alguns ministros que anteviram o caos em que Portugal ia ficar, graças À política do tudo para todos? Dos ministérios da Igualdade? Como se pode dizer que não há estabilidade quando há uma maioria sólida que apoia o governo? Como se pode dizer que não há reformas quando em 4 meses se propõe a reforma da lei do arrendamento, que o próprio PR se preparava para chumbar, o fim do sigilo bancário, o aumento das taxas de IRC para a banca?
Não fecho os olhos. Sei que nem tudo correu bem neste governo, agora talvez estas trapalhadas não tenham nem de perto nem de longe a dimensão das de outros senhores que deixaram o país de Tanga e fugiram para não enfrentarem os problemas resultantes “do pântano em que o país estava mergulhado.
Quanto ai discurso do Dr. Sócrates faz lembrar um filme de 3ª categoria em reposição, o choque tecnológico soa a paixão pela educação, e o crescimento económico soa a fim das mais-valias das acções da bolsa.
